O Ódio que Semeias, de Angie Thomas (opinião)


Sinopse:
   Starr tem 16 anos e move-se entre dois mundos: o seu bairro periférico e problemático, habitado por negros como ela, e a escola que frequenta numa elegante zona residencial de brancos. O frágil equilíbrio entre estas duas realidades é quebrado quando Starr se torna a única testemunha do disparo fatal de um polícia contra Khalil, o seu melhor amigo. A partir daí, pairam sobre Starr ameaças de morte: tudo o que ela disser acerca do crime que presenciou pode ser usado a seu favor por uns, mas sobretudo como arma por outros.
   O Ódio que Semeias é um poderoso romance juvenil, inspirado pelo movimento Black Lives Matter e pela luta contra a discriminação e a violência. O livro está a ser adaptado ao cinema e conta com Amandla Stenberg no papel principal.

Opinião:
   Este livro foi mais uma estreia de 2019, pois nunca tinha lido nada desta escritora. Contudo, sabia que este era um livro muito aclamado e, tendo uma classificação superior a 4,5 no Goodreads, fiquei desde sempre muito curiosa para o ler. Agora que o li, só me pergunto porque não o fiz mais cedo.
   Esta história teve o dom de criar em mim um imenso turbilhão de emoções, e isso é algo que considero essencial num livro. 
   É uma narrativa cheia de carga emocional, contada pela voz de uma adolescente, que ao viver num bairro considerado "problemático", e habitado por negros, nos transmite sempre uma sensação de insegurança, medo e conflito. 
   Este acaba também por ser um livro de contrastes pois, além de nos mostrar este bairro, dá-nos também um vislumbre da vida dos "brancos" e das óbvias diferenças entre ambos, quer no dia-a-dia, quer perante os olhos da lei. 
    É precisamente no que toca à lei, nomeadamente agentes de autoridade, que a minha revolta se instala. Infelizmente, como muitos de nós já testemunhamos nas noticias, muitas pessoas são abatidas, sem qualquer justificação, apenas devido à cor da sua pele. Este acto injustificado é das coisas mais revoltantes deste mundo e algo que nunca conseguirei entender. Todos somos humanos, todos temos o direito a defesa e a ser julgados de forma justa. A cor da nossa pele é mesmo só isso, uma cor como outra qualquer. Isso não nos torna melhores nem piores do que ninguém. 
   O mais triste deste livro, é percebermos que tudo é baseado em situações do dia-a-dia de várias famílias. Este livro devia ser lido por todos, nem que fosse só para nos dar um abanão e fazer-nos ver a sorte que temos por vivermos tranquilos nas nossas casas, nos nossos bairros, sem termos que estar sempre a olhar por cima do ombro, sem termos medo da polícia, pois são eles que nos deviam defender em vez de intimidar.
   Penso que esta opinião acabou por ser uma mistura de desabafo mas, depois de ler este livro, fiquei com toda esta revolta que necessitava ser expressa. 
   Outro facto interessante é que, de certa forma, este livro me recordou uma série que sigo, e gosto muito, chamada "No meu bairro" (On My Block), disponível na Netflix. Ainda que, no caso da série, se explorem mais as rivalidades entre os gangues e não tanto este lado de conflito com as forças de autoridade. 
   Por fim, só quero mesmo referir que, apesar de todos os sentimentos de carga mais negativa que estão presentes ao longo do livro, existe também um sentido de justiça, esperança, amizade, amor e luta, que acabam por tornar o livro ainda mais completo e impossível de pousar sem descobrirmos o seu final.
   
Classificação:
   

1 comentário:

  1. Conheci este livro através do trailer do filme e desde então quero imenso lê-lo! A tua review só me deixou ainda mais curiosa!

    Beijinhos,
    http://averamarques.blogspot.com

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