Livro Perguntem à Alice (Opinião)


Perguntem à Alice - Diário de Uma Toxicodependente
Edição/reimpressão: 2004
Páginas: 144


Sinopse
   Ser adolescente não é fácil. As expectativas que se criam são difíceis de superar e todos os problemas assumem proporções gigantescas. Mas, acidentalmente, Alice encontrou a melhor forma de se evadir de tudo isto: as drogas! E se os momentos de prazer que consegue ao drogar-se proporcionam alegria e bem-estar, os maus momentos deixam bem claro que o preço a pagar por esses instantes é demasiado elevado. O diário que vai escrevendo revela um percurso de optimismo e desespero, transformando este livro num instrumento marcante para os leitores.

Opinião
   A minha opinião sobre livros vale o que vale, sou apenas uma leitora comum com gostos literários diversificados. Muitos podem concordar com o que escrevo, outros nem tanto, mas gosto de mencionar alguns livros que vou lendo na esperança de incentivar ou estimular a curiosidade de alguém que ainda não os leu.
   Não escrevo sobre todos os livros que leio mas este é para mim quase obrigatório fazê-lo pois gostaria de compartilhar opinião com quem já leu e convidar quem não o fez a fazê-lo assim que lhe for possível.
   Iniciei esta leitura no dia 13 de Janeiro (foi a minha 3ª leitura deste ano) e terminei-a num só dia. O tema do livro é polémico e muitas vezes "olhado de lado" pois, na minha opinião, ainda nos dias de hoje se tenta esconder "em baixo do tapete" tudo aquilo que nos incomoda ou todas as realidades mais duras, quase na esperança de que assim elas deixem de existir... mas como sabemos isto é uma ilusão.
   Ao iniciar o livro já esperava encontrar uma adolescente com a vida destroçada, como tantas outras que surgem em outros livros, mas esta adolescente escolhe o caminho que lhe parece no momento mais fácil e acaba por pagar um preço elevado pela sua escolha. 
   O livro é no fundo um diário escrito pela dita adolescente pois esta não consegue partilhar os seus problemas com mais ninguém, não sente confiança suficiente nem na família nem nos amigos para contar as suas questões mais intimas. Assim, somos presenteados com a escrita totalmente dirigida ao diário que se torna sincera por não haver qualquer medo de serem impostos juízos de valor. Outro facto sobre a escrita que achei muito interessante é que esta é feita com a típica linguagem adolescente, cheia de calão e expressões que normalmente não estamos habituados a ver por escrito.
   O facto de o livro evidenciar que certos temas, tais como, a auto-estima, a necessidade de integração num grupo e a pressão familiar são muito importantes na fase da adolescência, também foi algo que achei digno de salientar pois de facto por vezes são questões negligenciadas que podem fazer toda a diferença.
   Considero também impressionantes as descrições que são feitas quando a adolescente se encontra sobre o efeito das drogas, pois são extremamente pormenorizadas e a linguagem é automaticamente mais agressiva e desconexa verificando-se uma grande diferença no seu discurso habitual, bem como perdas de noção de tempo e total desinteresse por algo que não as drogas.
   Em suma, já tinha lido outros livros do género, nomeadamente "Os Filhos da Droga" (que continua a ser o meu livro de eleição quando se trata deste tema), mas recomendo vivamente esta leitura pois tem uma abordagem diferente e leva-nos até ao interior deste mundo povoado de desespero e dor. 
    
"Depois de experimentar, já nem sequer existe vida sem drogas. 
É uma existência dura, cinzenta, sem norte, vazia." 
                                                                                                                            
Perguntem à Alice

4 comentários:

  1. Amiga,
    Primeiramente, quero dizer que o novo layout do teu cantinho está lindo. Parabéns, eu sempre a achei muito talentosa. Parabéns também por ter utilizado o novo modelo do Blogger.
    Achei muito interessante a forma de escrita do livro ser bem liberal, digamos assim, exatamente como é em um diário. Deixo-me envolver demais pelas histórias e por isso eu acabo por evitar de livros desse gênero, ficarei deprimida hehe. Mas sei que não importa o quanto tempo passe, sempre irei deixar-me envolver pelas histórias e o modo como elas me afetam, então talvez eu dê uma chance a esse gênero - após terminar os inúmeros livros que tenho na lista.
    Beijos.

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    1. Pois é amiga, eu confesso que também tenho sempre algum receio de me envolver muito a nível emocional com este tipo de histórias. É por isso que prefiro livros de fantasia, contudo por vezes gosto de ler estas obras porque nos ensinam a ver a vida com outros olhos, e este livro vale sem dúvida a pena. beijos

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