A Vida é Madrasta, de Amélia da Silva (divulgação)


Romance conta história de mulheres na Guiné-Bissau

   A Guiné-Bissau, com suas variadas etnias e particularidades culturais, foi a paisagem escolhida pela autora Amélia da Silva para seu primeiro romance, “A vida é madrasta”. Inspirada pela sua própria história e também pela das mulheres que rodearam sua vida no país africano, a escritora traz em Toié, a protagonista, uma voz de resistência. O livro é, também, uma forma de conhecer a cultura Manjaca, etnia a qual pertence a autora.
   Dentro dela, por exemplo, as mulheres não têm permissão de exercer um papel activo, ficando restritas sempre a decisões masculinas. Por exemplo, podem ter o futuro marido já escolhido desde o momento em que nascem.
— Para mim, cada vez que revejo a história, até sinto a dor que essas mulheres passaram — comenta a autora.
   A história nasceu dos exercícios de escrita feitos pela autora, sob coordenação do realizador guineense Flora Gomes, com quem ela iniciou a carreira de actriz, em 1991. A considerar a variação étnica do país, ele fazia com que os actores e actrizes lessem textos em voz alta, como forma de melhorar a dicção. Estimulados pela leitura, os participantes começaram também a escrever sobre o seu quotidiano, que culminou, no caso de Amália, em um romance.
   Disponível em livrarias de todo o país em chiadobooks.com, o livro terá sessão de lançamento aberta ao público em 6 de Outubro, às 14h30, no Chiado Clube Literário (Rua de Cascais, 57, Alcântara, Lisboa).

Confira um trecho da obra:
“— Eu nunca te envergonhei, meu pai, simplesmente não quero casar com o homem que tu desejas muito, mas isso é normal, não tem mal nenhum, como também é muito normal uma pessoa casar com um homem que ama e que deseja!
— Estás louca!... Mas juro-te, por esta lua no alto do céu que está a iluminar-nos e a ouvir o teu disparate, que se voltares a envergonhar-me te irás arrepender!
— É injusto forçares-me a casar com um homem pelo qual não tenho a mínima simpatia e também penso que é absurda essa ideia que tens dos irãs."

Sobre a autora
   Amélia da Silva tem 44 anos, e guineense, mãe e vive em Lisboa desde 2010. A escritora é também actriz, com participações no teatro, cinema e balé contemporâneo guineense. Trabalha actualmente na restauração e lamenta a falta de oportunidades decorrente da guerra em sua terra natal.

3 comentários:

  1. Amazing blog —AS ALWAYS— I really enjoy reading your contents! Much love!

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  2. Ainda há um longo caminho a percorrer relativamente aos direitos das mulheres. É importante escrever-se sobre a realidade vivida por tantas e tantas de nós.

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    1. Direito de mulher direito é fazer comida cuidar , das crianças , ir ao poço à procura da água , tratar da casa.

      Isso é direito das mulheres nas aldeias
      obrigada

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