Todos os Caminhos, de Clara Pinto Correia (opinião)


Sinopse: 
   Estar sozinha na Califórnia, podia ser uma tortura ou uma aventura, e eu sabia perfeitamente que isso só dependia de mim. Não era propriamente a América que poderia apanhar-me de surpresa depois de lá ter vivido tantos anos que chegaram ao ponto de me darem maridos e filhos. E muito menos os americanos, que ainda por cima desta vez acabaram de reinstalar o Obama na Casa Branca, sendo que ainda por cima eu, agora, rumando como rumava ao Big Sur, estava perfeitamente consciente de que ia viver num dos sítios mais bonitos do Mundo, procurado incessantemente como inspiração por comunidades de artistas que descobriram o sítio nas páginas magistrais e certeiras do Steinbeck, e deixaram na sua senda discípulos tão impressionantes como o Miller e o Kérouac. De qualquer maneira, metia-se pelo meio como autêntica novidade o efeito ambíguo de estar a ver Portugal de longe, e de assim em perspectiva eu começar a seguir a sequência de parvoíces que nos tinham deixado na penúria como se estivesse numa sala de cinema. Na dúvida, não me pus a extrapolar conclusões com ninguém. Nem comigo própria.

Opinião:
   Este livro, foi-me gentilmente cedido pela 4 Estações editora para, após a sua leitura, partilhar convosco a minha opinião sobre o mesmo.
   Confesso que nunca tinha lido nada desta escritora, já ouvi falar maravilhas e também coisas menos simpáticas, mas nada como lermos nós mesmos para tirarmos as nossas próprias conclusões.
   A escrita deste livro é elaborada, com referências a grandes obras da literatura. Por vezes, temos que estar atentos para captar significados ocultos que ficam implícitos nas palavras  e frases expostas.
   A narrativa aborda temas muito actuais e recorrentes nesta era digital, tais como: a utilização excessiva das redes sociais e de outros veículos de vício online, que acabam por não permitir ao indivíduos aproveitar verdadeiramente a sua vida, o mundo fora dos ecrãs e a companhia dos outros significativos.
   São ainda abordados de forma recorrente o amor, a solidão e a identidade do ser humano. Estes temas tornam o livro mais profundo e em certa medida foi para mim um pouco difícil de digerir, pois acaba por não ser uma leitura leve e descontraída. 
   Outro facto que penso tornar a história mais densa é a ausência de diálogos. O livro é contado da perspectiva de uma mulher que nos vai narrando episódios da sua vida, momentos e sentimentos despertados. Contudo, alguns dos personagens retratados são anónimos e não nos são fornecidos os seus nomes, apenas conhecemos as iniciais destes.
   Não posso dizer que seja um mau livro, com certeza que muitos irão adorá-lo pela sua profundidade e por gostarem deste tipo de escrita. No meu caso, não fiquei cativada mas também não posso dizer que não gostei, foi uma leitura simpática que, apesar de não fazer totalmente o meu género, penso que apenas não me apanhou no estado de espírito correcto para embarcar na história a 100%. 
   Recomendo esta leitura a quem pretender mergulhar num universo de reflexão e se identifique com uma história totalmente narrada por uma única personagem.

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