Não há rosas sem espinhos, de Aurélie Valognes (opinião)

Sinopse:

   Rose, 36 anos, celibatária e dedicada a família, depois de perder o pai e o emprego, toma conhecimento que seu único filho de 18 anos, vai sair de casa para ir viver com a namorada. Rose desaba completamente. Busca então uma solução para a sua vida, trabalhar como baby-sitter de um lulu-da-pomerânia, Pépete, da prepotente Verónique Lupin e ainda cuidar da da mãe de Verónique, uma idosa rica e decrépita. O romance relata com muito humor e profundidade, por vezes até de forma comovente, o relacionamento sem bom senso de Rose com o filho, assim como com as duas mulheres com quem passa a conviver, aliás personagens memoráveis e coloridas.

Opinião:

   Este livro foi-me gentilmente cedido pela 4Estações Editora, e também contou com um passatempo aqui no blog onde sorteei um exemplar. Desde o seu lançamento, esta sempre foi uma história que despertou imenso a minha curiosidade, não só pela sinopse em si, mas também pela popularidade que foi ganhando entre os leitores.

   Nunca tinha lido nada desta escritora, confesso que escritores franceses não estão de todo em maioria na minha lista de leitura mas, depois de ler esta obra, talvez esse facto tenha tendência a mudar.

   Em primeiro lugar, sublinho que a 4Estações Editora fez um trabalho notável em termos de impressão, pois o livro tem um capa extremamente atraente, e no interior a letra é grande e bem distribuída pelas páginas, o que acaba por facilitar imenso a leitura. 

   Os capítulos do livro são curtos e apresentam títulos muito curiosos, chegando mesmo a serem hilariantes. Cada capítulo deixa-nos a ansiar por mais e isso leva a que a leitura seja rápida e fácil.

   A narrativa é escrita de forma simples, directa e fluída, sendo a história contada na terceira pessoa, ainda que pelo meio Rose tenha algumas frases ditas na primeira pessoa que, a meu ver, dão um toque ainda mais personalizado à história e à própria personagem.

   Rose é então uma personagem solitária, com falta de confiança em si mesma e de afirmação. Contudo, tem um lado extremamente carinhoso e preocupado com os outros que parece levá-la a esquecer-se de cuidar de si mesma. Assim, posso afirmar que esta personagem é extremamente cativante e foi muito interessante acompanhar a sua evolução ao longo do história.

   Este livro tem ainda outros personagens muito curiosos, cada um por razões diferentes, que no seu todo compõem um enredo que nos atrai da primeira à última página. 

   Ao longo da narrativa, são também frequentes alguns momentos de humor que tornam a leitura ainda mais agradável e trazem uma nova perspectiva a um livro que poderia ser só mais um romance.

   Esta história fala-nos de família, da importância que damos aos que amamos, dos segredos que guardamos a pensar que os protegemos, mas são esses mesmos segredos que acabam por nos afastar. 

   Todo este enredo, acabou também por me levar a reflectir sobre os valores e princípios que cada personagem revelava ao longo da narrativa e em como esses personagens me lembram pessoas do dia-a-dia.

   Para mim, este é sem dúvida um livro que transmite de forma clara a ideia de enfrentarmos os nossos medos e inseguranças para podermos redescobrir o amor. 

   O final do livro é feliz mas cheio de reviravoltas emocionantes. Contudo, o único ponto menos positivo é o facto de me ter parecido que acabou cedo demais, parece que foi condensado no final e tudo acontece demasiado rápido e compactado. Gostaria de saber mais sobre outros personagens, aprofundar mais as suas histórias e as interacções entre eles. Mas é possível que este sentimento se deva ao facto de ter gostado mesmo do livro e por isso queria ler ainda mais, pois quando não gosto de alguma narrativa parece que as páginas se estendem de forma interminável.

   Este é sem dúvida um livro muito bom que recomendo a todos os fãs de romance que apreciem também uma pitada de humor.

Classificação: