Livro Quando aqui estavas de Daisy Whitney (Opinião)

Sinopse: 

   A mãe de Danny perdeu a batalha de cinco anos contra o cancro, três semanas antes de ele acabar o secundário - o dia porque ela mais esperara. Agora Danny fica sozinho, apenas com as suas memórias, o seu cão, e a ex-namorada que lhe destroçou o coração. Não sabe o que fazer com a casa, o que dizer no discurso da formatura, e muito menos como viver ou ser feliz. Então uma carta de uma amiga da mãe em Tóquio fá-lo largar tudo e viajar até ao outro lado do mundo para descobrir os segredos da mãe – e perceber por que motivo os seus últimos meses foram tão cheios de alegria. Porém, não é capaz de encontrar as respostas ou de fugir às complexidades da sua relação com Holland apenas por atravessar o oceano. Porém, entre as flores de cerejeira, os templos e as multidões da cidade de néon, e com a ajuda de uma jovem japonesa amiga da mãe, começa a ver que talvez não tenha sido a magia antiga ou os tratamentos místicos que faziam a mãe regressar ao Japão. Talvez o segredo de como viver resida na forma como ela morreu. E como amou.

Opinião:

   Apesar de preferir livros do fantástico, por vezes gosto de ler alguns que se focam na vida real. No caso deste livro, foi a sinopse que me chamou à atenção e fez com que o quisesse ler pois penso que todo o ser humano procura as respostas de como viver, como amar e como morrer.

   O livro transmite de forma profunda e intensa o sofrimento de Danny, que apenas com 18 amos fica sozinho ao perder a mãe. Cada palavra de Danny é,  especialmente no início do livro, carregada de desespero, solidão e sentimentos de vazio, parece que Danny se perdeu e que não vai voltar a encontrar-se. 

   O facto de ser um personagem masculino a transmitir-nos estes sentimentos foi algo que achei muito interessante pois, de um modo geral, a maioria dos escritores utiliza personagens femininas quando quer demonstrar estes sentimentos de vazio, perda e sofrimento. Assim, é de notar que apesar do sofrimento estar presente de modo constante, a forma como este é expressado difere de outros livros que já pude ler que abordam o assunto da perda.

   Quando o personagem parte para Tóquio é extremamente interessante "ver a cidade pelos seus olhos", existindo nesse ponto uma série de referências a termos, tradições e lendas próprias da cultura Japonesa. Toda a acção que se desenrola em Tóquio foi para mim a melhor parte do livro pois é um local que eu pessoalmente adoraria visitar. 

   Contudo, Danny ainda vai vivênciar algumas surpresas e descobrir factos do passado, que o afectam directamente, que ele nem sonhava existirem. Vai haver espaço para revolta, tristeza, aceitação, reconciliação e sobretudo entendimento de algumas acções que até ali eram para ele impossíveis de compreender, principalmente por serem tomadas pelas pessoas que ele mais amou/ama.

  Temos ainda a Sandy Koufax, a cadela de Danny, que é absolutamente deliciosa enquanto personagem pois tem um papel essencial na vida deste. Danny por seu lado mostra-nos como deve ser tratado um animal de estimação, pois para ele Sandy é um membro essencial da sua família.

   No final da história, Danny acaba por descobrir que deve e pode ainda aproveitar a vida logo que derrube os muros que construiu à sua volta.

   É um livro intenso mas ao mesmo tempo de leitura muito acessível que recomendo sobretudo a quem gosta deste tipo de histórias mas também a quem de alguma forma se debate com as questões abordadas neste livro e quer encontrar um sentido para a perda. 

   O livro surpreendeu-me pela positiva e acabei por gostar muito mais do que estava à espera pois existem factos na história que não são nada óbvios e posteriormente conseguimos ficar totalmente surpreendidos com o rumo que esta vai traçando.